Tenho vontade de falar e de escrever, mas não sei direito o que. Não consigo me decidir.
Não que a indecisão seja algo novo e surpreendente, na verdade ela já faz parte do cotidiano de tal forma que passa despercebida e esquecida em muitas das vezes que penso e entro em conflitos duais. É algo que já não me assusta e diria que nem me fascina mais, apenas perturba. Como uma grande ruga negra que borbulha sob a pele jovem e clara, algo que não devia estar ali, mas que ainda assim está e não vai sair sem dificuldade e dor.
O impasse maior vem com a necessidade de uma conclusão. Iminentemente consegues ver que nada será alterado, que nenhuma decisão foi realmente estabelecida e que tudo continuará como era, o que traz um gosto amargo e um cheiro de repugna no ar.
INACEITÁVEL!
Ainda assim não se move em favor da mudança, mobilizar-se é muito mais custoso do que se deixar ser alvejado pela culpa e desarmonia.
Olhos penetrantes o cercam, continuam apenas a observar traspassando por completo seu objeto de ódio. Esperando um passo em falso, uma virada mal feita, um conflito impossível de se solucionar.
Assim se sentem bem, assim se satisfazem.
Pequenos devaneios pouco simplistas, isso é o que toma a minha mente em determinados momentos, e quando me vejo, já estou mergulhado profundamente neles sem esperanças de voltar a realidade inalterado e sem sequelas. Cada devaneio em que me vejo imerso, a cada tentativa de voltar a realidade é como um respirar profundo debaixo d'água, enchendo os pulmões de água e o corpo de dor, até o momento em que finalmente não conseguirás mais se debater e se aceitará flutuando no meio dessa densa "realidade".
Tudo causado por um impasse, uma decisão não tomada, uma incerteza e insegurança quanto ao que fazer. A cadeia de ideias que se ativam, a maré de possibilidades que o encobre e a multidão de dúvidas que lhe pisoteia. Um único gatilho as trouxe todas à vida e as ativou ao mesmo tempo.
Nada a se fazer, sentado daqui apenas observando o seu próprio eu sendo afligido, e ainda assim conscientemente tomar a decisão de se sentar a determinada distância apenas para observar. Que poderia fazer a favor? Provavelmente nada, pois se tenho frieza o suficiente para assistir um inglorioso momento e apenas o olhar como casualidade seria pior uma intervenção direta, apesar de correr o risco de as coisas se tornarem mais 'interessantes'.
Continua daí então, apenas vendo, meditando, sofrendo e se deliciando. Incapaz de decidir até mesmo como irá reagir e encarar.
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